Descrição
Ao longo das páginas a seguir você encontrará criaturas sobrenaturais que, apesar de pertencerem ao continente mais populoso do planeta, ainda são pouco conhecidas no ocidente. Ainda que animes, mangás, filmes e jogos eletrônicos venham de forma crescente ajudando a diminuir esse desconhecimento entre nós no século 21 ainda há muito a ser conhecer sobre o fantástico da Ásia. Por esta razão, parabéns a Laboralivros e a Luva Editora pela iniciativa deste projeto que preenche lacunas na literatura fantástica brasileira sobre as manifestações monstruosas de outras culturas além do ocidente. Ao adentramos nas páginas da obra que você tem agora em mãos e conhecemos o imaginário do Sudeste Asiático, da Ásia Meridional e da Ásia Oriental uma pergunta surge: O que os monstros asiáticos, tem a nos mostrar? Em Terrores Asiáticos vinte escritores e escritoras nacionais respondem a esta questão apresentando os agentes do medo de países como Coreia, Filipinas, Japão, China, Malásia, Índia, Tailândia, Vietnã, Indonésia, Nepal e Myanmar. Aqui, o leitor e leitora conhecerão entidades vampíricas, fantasmas vingativos, cadáveres ambulantes, animais antropomórficos e criaturas híbridas na forma de Gumiho (Coreia), Aswang (Filipinas), Umibôzu (Japão), Gashadokuro (Japão), Jiangshi (China), Penanggalan (Malásia e sudeste asiático), Pishacha (Índia), Vetala (Índia), Kappa (Japão), Jorôgumo (Japão), Nuppori-Bôzu (Japão), Atkor kamuy (Hokkaido/ Ainu), Mae Nak (Tailândia), Phi Am (Tailândia), Ikiryô (Japão), Fantasmas Famintos (China e Vietnã), Kuntilanak (Indonésia), Ma Phae Wah (Myanmar), Jieshihuanhun (China) e Khya (Nepal). Apesar dessa variedade geográfica e cultural, podermos perceber duas características comuns e universais entre esses seres que corroboram as colocações sobre o tema feitas pelo professor Jeffrey Jerome Cohen, da Universidade George Washington, em seu ensaio seminal “Cultura dos monstros: sete teses”, publicado pela primeira vez na obra Monster Theory (1996). Primeiro, temos aqui criaturas de entre-lugares que, como tais, despertam o medo por subverterem a intrínseca necessidade humana de organizar o mundo ao nosso redor em categorias fixas e compreensíveis, o que nos traz segurança. Em segundo lugar, esses monstros são espelhos nos quais vemos refletido o preconceito e o temor do discurso dominante em relação ao outro, principalmente a mulher, o estrangeiro ou qualquer um que contrarie a ordem dominante de seu meio. Assim, ler sobre monstros é ler sobre o humano e os terrores que caminham com a civilização desde a aurora dos tempos e que são compartilhados por diferentes culturas. Por esta razão, que a leitura dos contos de Terrores Asiáticos te provoque, além de arrepios, também reflexões sobre nosso próprio ser.
Alexander Meireles da Silva é Doutor em Literatura Comparada pela UFRJ (2008) e Professor Associado da Universidade Federal de Catalão (UFCat), onde atua na Graduação e no Programa de Pós-Graduação do Instituto de Estudos da Linguagem. Desde 2016 é produtor de conteúdo do canal do YouTube Fantasticursos, onde ajuda quem escreve, pesquisa e leciona a usar a Fantasia, o Horror e a Ficção científica em suas atividades artísticas, acadêmicas e docentes.
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