Editora Urso
O livro de Medeiros não fala de nenhum por quê, mas sim do para quê das coisas. Constituído de três textos, uma novela e dois contos, notamos a trajetória de personagens distintos que, enquanto crianças ou ainda jovens, vivem perspectivas éticas e estéticas que surpreendem o leitor. A justificativa para essa surpresa, certamente, são notórias já no título do trabalho. O termo Hebefrenia é usado para se referir a uma patologia peculiar que surge em jovens no início da puberdade, causando um comportamento confuso e bastante próximo da esquizofrenia. Nesse sentido, as três histórias que compõem o livro nos causam a sensação de confusão e delírio na medida em que suas ambientações são aparentemente fantásticas e fantasiosas. Desde um ambiente medieval digno das narrativas de fantasia mais tradicionais até uma realidade cyberpunk em Tóquio, esses espaços nos causam a sensação do estranho familiar (usando o vocabulário freudiano) na medida em que sentimos um deslocamento das ações das personagens com relação a seus contextos históricos suscitados pela narrativa. Essa primeira impressão logo nos alcança quando observamos a radical sensibilidade e profundidade das personagens principais se comparadas com o agir e viver dos demais seres que compõem a narrativa, como se de alguma forma houvesse um abismo entre a percepção hebefrênica ou ainda sonhadora com a percepção racional das personagens adultas.
O Autor
Felipe Medeiros, nascido em São Paulo, residente no Rio de Janeiro, graduado, mestre, doutorando.
Lançou, em 2013, um livro à moda de tragédia chamado Sven pela editora musAbsurda, além de dois livretos.